Os pássaros estão entre os milhares de animais recebidos, todo ano, pelas equipes do IMA/AL e Ibama/AL, após retirados da natureza para o comércio movimentado pelo tráfico
Clarice Maia
As equipes do Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA/AL) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que estão à frente do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), enviaram, na manhã desta quarta-feira (16), 39 aves para dois criadouros autorizados, localizados no Rio de Janeiro. Os animais estão entre os milhares recebidos anualmente, vítimas do tráfico movimentado em território alagoano.
Para se ter ideia, no ano de 2021 um total de 12.054 animais deu entrada no Cetas IMA/Ibama, sendo que apenas 1.189 foram entrega voluntária feita pela população. No ano de 2022 a quantidade aumentou para 15.018, sendo que as entregas voluntárias diminuíram para 1.011. Em 2023, até o início do mês de março, a população havia entregue apenas 23 animais dos 1.371 que haviam dado entrada.
A maioria chega através de apreensões e ações de fiscalização realizadas pelo Batalhão de Polícia Ambiental (BPA).
Ana Cecília Pires, bióloga e veterinária do IMA/AL, que é uma das pessoas a frente desse trabalho, explica que, entre esses milhares de animais, “geralmente 15% a 20% morrem”. Sendo que em Alagoas temos uma das menores taxas de óbito de todo país”. Mesmo assim, “a maioria dos animais que dão entrada são soltos”.
Ela explica ainda que entre as 39 aves enviadas aos criadouros do Rio de Janeiro havia: Maracanã-nobre, Periquito-da-Caatinga, Periquito-rei, Jandaia-verdadeira, Periquitão-de-bando, Papagaio-galego, Pionus, Periquito-rei, Chauá, Moleiro, Papagaio verdadeiro, Primolius. Elas fazem parte daquelas que não tem condição de retornar à natureza pois são “mansas, com fraturas ou com afecções de autobicamento”.
Envios e repatriação
Assim, Ana Cecília explica que existem animais que são devolvidos à natureza, aqueles que periodicamente seguem para os criadouros autorizados e os que são repatriados.
Animais que são enviados, como os desta segunda-feira, geralmente são cuidados para serem matrizes nos criadouros. “Essa parceria ajuda a desafogar o Cetas porque são animais sem condições de serem soltos na natureza, assim os criadores comerciais auxiliam aos Cetas.” Entretanto, “antes de serem destinados, os criadores interessados nas aves são verificados, se estão regulares, se não tem pendências, intercorrências ou irregularidades. Eles precisam estar com tudo regularizado e atualizado”, comenta a bióloga.
Os repatriados são aqueles levados para outros Cetas por se tratar de animais com origem em outros Estados. “Os animais que não são de Alagoas, que não tem origem aqui, vão para outro Estado. A gente faz a repatriação para a soltura, eles vão voltar aos seus locais de origem, de distribuição”, indica Ana Cecília.
A população pode denunciar, de forma anônima, a presença de animais silvestres sendo criados em cativeiro, de modo irregular, através do aplicativo IMA Denuncie, disponível gratuitamente para smartphones. Todavia, a indicação prioritária é acionar o BPA para que os policiais façam a retirada do animal de modo seguro. Se a pessoa quiser entregar voluntariamente um animal silvestre pode fazer diretamente no Cetas, em horário comercial.