Técnicos buscam responsáveis pela mancha que se espelha por 25km e causa impactos sócio-ambientais
Clarice Maia
A situação encontrada nas águas do rio São Francisco, na região do município de Delmiro Gouveia, é preocupante e a Diretoria de Monitoramento e Fiscalização do Instituto do Meio Ambiente (IMA) deve intimar nesta segunda-feira (13) a Companhia Hidroelétrica do São Francisco a apresentar relatório do procedimento de abertura de comportas, realizado no final de fevereiro. A constatação da gravidade foi feita durante vistoria realizada no final de semana.
Foram realizados sobrevôo em toda a área afetada e reunião com técnicos da Chesf. Segundo informações do diretor de monitoramento e fiscalização do Instituto, Ermi Ferrari, as coordenadas geográficas indicam que a mancha chega a cerca de 25km de extensão e já alcançou a região onde aumenta a largura entre os cânions.
“Há impactos ambientais e sociais. A captação de água da Casal foi atingida prejudicando o abastecimentos de municípios do sertão e a captação de Sergipe, que inclusive manda água para Aracaju, também poderá ser afetada”, comenta.
Ele disse ainda que a vistoria na região indica que, aparentemente, não há nenhuma indústria ou empreendimento que pudesse causar um problema com a mesma proporção. A Chesf é apontada como causadora porque, há cerca de 45 dias, teria esvaziado um reservatório, o lago Belvedere, do Complexo Apolônio Sales – Paulo Afonso 1, 2 e 3, e com isso, liberado sedimentos acumulados por mais de 30 anos.
A ação do final de semana foi realizada em conjunto com fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Isso porque a operação da Companhia teria sido autorizada pelo Ibama de Pernambuco, vez que o órgão é responsável pelo licenciamento e monitoramento das atividades da Chesf no rio São Francisco.
Além da intimação para que a Companhia apresente o relatório da operação realizada no reservatório e acompanhamento das conseqüências, a equipe da diretoria de Laboratório deverá fazer novas coletas de amostras de água na região. “Na atual situação que o país passa em relação aos recursos hídricos e a baixa vazão do São Francisco, considero o problema grave”, disse Ermi Ferrari.
Ele ressaltou que o IMA deverá continua acompanhando o caso por causa dos impactos verificados no estado de Alagoas, mas a responsabilidade do monitoramento é do órgão licenciador, no caso o Ibama.