O nome Craibeira representa resistência e adaptabilidade, características comuns da espécie nativa da caatinga e presente no território alagoano
Laura Nascimento (sob supervisão)
A Rede de Sementes e Viveiros Craibeira, fruto de uma parceria entre o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) e a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), foi lançada oficialmente na última sexta-feira (20). Focada na produção de mudas de espécies nativas da Caatinga e da Mata Atlântica alagoanas, a iniciativa busca incentivar o reflorestamento adequado, além de fortalecer a educação ambiental e o envolvimento das comunidades locais. O lançamento marca um avanço na preservação e recuperação da flora nativa do estado.
Na mesa de honra, estiveram presentes o diretor-executivo do IMA, Ivens Leão, o secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Gino César, a pesquisadora do Serviço Florestal Brasileiro, Sandra Afonso, e as professoras da Ufal, Marília Grugiki, Flávia Moura e Rosa Cavalcante.
Durante o evento, Ivens Leão enfatizou a importância da cooperação entre as instituições. “Tenho certeza de que, com o apoio dos nossos parceiros e do IMA, faremos o possível para fortalecer ainda mais a restauração da nossa flora em todo o estado”, afirmou o diretor-executivo do IMA.
O nome Craibeira representa resistência e adaptabilidade, características comuns da espécie nativa da Caatinga e presente no território alagoano. De acordo com a sabedoria popular, representa a presença de água e vida. A iniciativa tem como principal objetivo fortalecer o sistema de distribuição de mudas e sementes do estado com espécies nativas, para evitar assim possíveis problemas com invasoras.
A bióloga e professora da Ufal, Flávia Moura, destacou que a intenção da rede é fazer uma produção descentralizada em diversos viveiros, em muitos municípios e com comunidades tradicionais, quilombolas, indígenas e assentadas, o que gera o aumento da diversidade genética das espécies.
“A Ufal entrará com a capacitação dos viveiros comunitários. Nós sabemos que existem viveiros em várias comunidades que estão desativados ou que estão subutilizados, nossa ideia é fomentar essa rede de produção, porque muitos viveiros não produzem mudas porque não têm essa rede de comercialização, ou não têm possibilidade de comercialização porque falta algum documento ou protocolo. Temos o objetivo de deixar todos os viveiros regularizados e fomentar a cadeia produtiva de mudas, além de estimular a produção de espécies que sejam nativas do estado de Alagoas”, explicou a professora.
Segundo o consultor ambiental do IMA, Wictor Thomas, a principal contribuição do órgão é fazer com que essa rede de viveiros se torne ativa e que ela possa, através de condicionantes, estar atrelada a essas recuperações. “O IMA recomendará viveiros cadastrados na rede Craibeira para empresas que fizerem licitações, entre outros casos que necessitem de recuperação de áreas ou plantios. Além de realizar os quantitativos de mudas e sementes das licitações pedidas anualmente, para fornecer à rede a média de quantas mudas e sementes deverão ser produzidas”, disse o consultor.
Representante da comunidade indígena Tingui Botó, Eré Batista, reforçou a importância do cuidado com os recursos naturais. “Estamos nesse processo de produção de mudas há muito tempo, seguindo o conhecimento dos nossos antepassados, que falavam da importância de manter a natureza de pé, porque é dela que nós existimos, é dela que a tiramos nossos ensinamentos, nossa sabedoria”, contou.
O próximo passo da Rede Craibeira será realizar capacitações em seis comunidades distribuídas nas regiões da Caatinga e da Mata Atlântica. Nessas localidades, serão apresentadas técnicas de coleta, beneficiamento, transporte, armazenamento de sementes e produção de mudas, com foco em práticas que integrem saberes tradicionais e científicos.