IMA é um dos administradores do órgão e destaca que a população também pode contribuir na proteção dos animais silvestres
Dálet Vieira
Evidenciar o Dia Nacional de Defesa da Fauna é também reforçar que coibir o tráfico de animais silvestres é compromisso de todos. A ação é uma parceria entre o Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA/AL) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e ocorrerá nesta sexta-feira (22).
Só nos últimos cinco meses deste ano, cerca de 2080 espécies deram entrada no Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), sendo a maior parte delas advindas do contrabando.
Em linhas gerais, o Cetas possui administração compartilhada entre o IMA/AL e o Ibama e recebe animais silvestres diariamente, seja através de ações de fiscalização, entrega voluntária ou por denúncias.
Das espécies que chegaram ao Centro, 1.247 são aves, que são o principal alvo do tráfico e entre as mais recorrentes estão: papa-capim, galo de campina, sebite e sabiás. Ambas possuem a característica em comum de serem canoras, ou seja, que possuem um canto harmonioso e, por isso, acabam atraindo o comércio ilegal de passeriformes. Outros animais que também estão na lista dos criados de maneira ilegal são saguis, preguiças, jabutis e jiboias.
Como uma das medidas para coibir essa prática, Ana Cecília Pires, médica veterinária do IMA alocada no Cetas, orienta que a população não faça a compra de animais silvestres em feiras livres ou de espaços sem licença, pois eles não possuem origem legal. “Geralmente são espécies recém-capturadas da natureza e o ato de comprá-los estimula ainda mais o tráfico. E por vezes existem pessoas que se sensibilizam com a situação do animal e acabam comprando”.
A veterinária também explica que as pessoas devem se recusar a receber animais silvestres ilegais provenientes de terceiros.
O procedimento correto em situações de compra de espécies nativas é verificar se o empreendimento é legalizado e se possui toda a documentação que comprove a origem do animal. Já nos casos de comercialização de animais silvestres em feiras populares, a comunidade pode contribuir realizando a denúncia através do aplicativo IMA Denuncie, que possui uma aba específica para a inserção de imagens e coordenadas.
Ademais, denúncias desse tipo também podem ser feitas por meio do número (82) 98833-5879 do Batalhão de Polícia Ambiental de Alagoas (BPA/AL).
Além da chegada de animais vítimas do tráfico, o Cetas também recebe espécies silvestres decorrentes de entrega voluntária ou mesmo de fiscalizações realizadas por órgãos ambientais. No recinto, médicos veterinários, tratadores e estagiários se dividem entre os cuidados e as práticas para a reabilitação. “Outra etapa, tão importante quanto a reabilitação, é a destinação, que ocorre quando essas espécies já estão recuperadas”.
Ana explica ainda, que, após esse processo, existe uma verificação que define para onde esses animais irão. Alguns são de ocorrência no estado e quando estão aptos são soltos em áreas definidas pelos biólogos e veterinários.
Também existem os casos de animais que mesmo após os cuidados não são mais capazes de retornarem para a natureza, a exemplo dos passeriformes que ficam cegos ainda em cativeiro e por isso não realizam mais as atividades próprias da espécie. Nessas circunstâncias, ocorre a destinação para criadouros comerciais, zoológicos ou criadouros conservacionistas.
Ainda como consequência do tráfico de fauna, é comum que cheguem algumas espécies que não existem em Alagoas e, por isso, após serem reabilitadas, são destinadas para centros de triagens de outros estados para que sejam reintroduzidas em seus habitats.
O indicado, quando um cidadão está de posse de um animal silvestre ilegal, é não soltá-lo, mas sim entregar essa espécie de maneira voluntária no Cetas. Muitas vezes é um animal que não é de ocorrência da região e essa ação pode até mesmo causar um desequilíbrio ecológico.
A entrega no Cetas é isenta de multas e a população pode entregar no próprio Centro, localizado na Avenida Fernandes Lima, Nº 4023, no bairro do Farol, em Maceió, ou mesmo entrar em contato com o Batalhão de Polícia Ambiental (BPA) para que eles realizem a retirada no domicílio.
Doações para o Cetas
Além das denúncias, a população pode contribuir doando materiais de uso cotidiano no Cetas. O Centro recebe jornais, revistas e cadernos que iriam para descarte, pois esses objetos são utilizados para forrar as baias e gaiolas onde ficam os animais.
Outros utensílios comumente usados são toalhas, lençóis e panos de modo geral, que servem principalmente para os animais debilitados e aquecer os filhotes.