Representantes da sociedade civil e poder público discutem medidas emergenciais para resolver o problema
Clarice Maia
A reunião desta terça-feira (14) com a participação de representantes da sociedade civil e do poder público definiu a continuidade das tratativas para que sejam tomadas as medidas necessárias para resolver o problema do rio São Francisco. Durante a atividade articulada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco (CBHSF), a equipe do Instituto do Meio Ambiente (IMA) fez uma apresentação com o diagnóstico preliminar da mancha de poluição encontrada na região entre Paulo Afonso (BA) e Delmiro Gouveia (AL).
A principal solução apontada durante a reunião foi o aumento da vazão no rio, para que houvesse a diluição da mancha e melhoria da qualidade da água do lago. Segundo informações dos representantes da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), após tratativa com o Operador Nacional do Sistema (ONS) no final da semana passada o volume de água foi aumentado em 300m³/s, mas não foi possível manter devido a capacidade do reservatório de Xingó.
“A baixa vazão do rio São Francisco é um dos principais problemas enfrentados nessa região, já está em 1000m³/s e estudam diminuir para 900m³/s, isso é também um complicador”, disse Maciel Oliveira, secretário executivo do CBHSF.
A Chesf é apontada como a possível responsável pela poluição, porque no final de fevereiro teria feito o esvaziamento do Lago Belvedere, do Complexo Apolônio Sales – Paulo Afonso 1, 2 e 3, e liberado cerca de 20 milhões de m³ de água e sedimentos contidos durante, pelo menos, 30 anos.
“Não podemos afirmar que a Chesf é a causadora, mas durante os sobrevôos não encontramos atividades e empreendimentos que pudessem ter causado um problema desse tamanho”, comentou Ermi Ferrari, diretor de Monitoramento e Fiscalização do IMA. Ele disse ainda o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) é o órgão responsável pelo monitoramento das atividades da Companhia.
A operação de esvaziamento do reservatório foi autorizada e acompanhada pelo Ibama de Pernambuco. Segundo informações dos representantes da Chesf, as tratativas com a Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal), sobre a necessidade de redução da vazão para garantia de água no lago de Sobradinho e o esvaziamento do lago, teriam sido iniciadas em 2013.
Todavia, a Companhia alega que está tendo grandes prejuízos, tanto financeiros como de operação. Isso porque a água deve ter condições mínimas para o funcionamento de uma estação de tratamento para abastecimento da população. Como encaminhamentos, ficou definido que a Chesf deverá continuar com as tratativas com a ONS para aumentar a vazão temporariamente e foi agendada uma reunião para o dia 22, quando os órgão deverão apresentar relatórios e os encaminhamentos dados.
Além do IMA, Casal, Chesf, Ibama e CBHSF, a reunião contou ainda com representantes da Federação dos Pescadores de alagoas (Fapeal), e do Ministério Público Federal e Estadual.