A equipe começou a experimentar uma das metodologias que poderão fazer parte do projeto: a captura de imagens através de drones
Clarice Maia
A equipe de fauna do Instituto do Meio Ambiente (IMA) deu início a fase de testes para iniciar um projeto de monitoramento de áreas de ocorrência do jacaré-do-papo-amarelo em Alagoas. Nas primeiras ações para reconhecimento das áreas que serão usadas no monitoramento, a equipe testou a produção de imagens utilizando drones, uma das metodologias que será utilizada no trabalho.
Segundo Gabriela Gama, bióloga do IMA que integra o projeto, na primeira ida a campo, na última terça-feira (4), foi possível observar ninhos, em alguns casos com presença de ovos que foram pisoteados aparentemente por gado. Ela explicou ainda que se a fase de testes tiver sucesso o projeto será formalmente acordado e pode se estender por cerca de dois anos.
A bióloga, junto com Marcelo Normande, da equipe de fauna do IMA e que também participa do projeto, visitou a várzea do Rio Paraíba, que abrange os municípios de Pilar e Marechal Deodoro, no local que deságua na lagoa Manguaba.
Eles explicaram que o projeto também deverá abranger a APA da Marituba, Unidade de Conservação Estadual, e a Reserva Extrativista (Resex) de Jequiá, Unidade de Conservação Federal, “que são áreas importantes para o jacaré e que possuem comunidades pesqueiras estabelecidas que poderão se beneficiar desse recurso futuramente”, comentou Gabriela.
A melhor parte é que não apenas jacarés são favorecidos com o desenvolvimento de projetos desse tipo, mas toda a cadeia que existe no entorno, tanto da fauna como da flora, que representa condições diretas de sobrevivência da espécie.
“Pode favorecer indiretamente ainda mais porque a presença constante do órgão pode coibir atividades de caça, captura ilegal, e pode melhorar a conscientização do pessoal local. Mas, sempre lembrado que diretamente o foco é específico no papo amarelo”
O jacaré-do-papo-amarelo é um réptil que vive em áreas de alagadiços, ou ecossistemas ligados a água. É um animal carnívoro que pode passar dos dois metros de comprimento. Durante a fase de reprodução a fêmea pode colocar mais de 20 ovos que eclodem entre 60 e 95 dias depois.
Conforme os dados do projeto o objetivo “é gerar novos conhecimentos sobre a biologia e dinâmica populacional do jacaré-do-papo-amarelo (C. latirostris) em seu ambiente natural, e através da sua abordagem aplicada, contribuir com a formação de uma linha de base para implementação de políticas públicas relacionadas à gestão da fauna silvestre junto aos órgãos ambientais competentes, podendo guiar estratégias de conservação, manejo e ações de fiscalização visando coibir a caça em áreas identificadas como importantes para a espécie”.