Descarga elétrica pode acarretar sequelas permanentes como cegueira, amputação, ou mesmo morte do animal
Janderson Oliveira
O número de saguis debilitados encaminhados ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) mais que dobrou neste ano, a maioria eletrocutados. A informação é da equipe multidisciplinar formada pelos profissionais do Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA/AL) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Este é um quadro constante. Semanalmente cerca de três indivíduos da espécie chegam ao Centro necessitando de cuidados, mas só em 2020 os registros confirmam o tratamento de 150 saguis, superando a média anual dos anos anteriores (65). Deste número, 95% foram atingidos por choque elétrico e 5% por outros motivos: doenças, ataque de cães e atropelamento.
O indicativo para o aumento do número de saguis é a expansão urbana, pois eles utilizam a malha elétrica como via para chegar aos domicílios.
Epitácio Correia, gerente de Fauna, Flora e Unidades de Conservação do IMA (Gefuc) alerta à população que não se deve alimentar os animais sinantrópicos, aqueles que se adaptaram ao ambiente urbano e hoje beneficiam-se da atividade humana.
“O sagui é um animal que pode viver mesmo em pequenos fragmentos de mata, mas, afetado pela expansão urbana, pode usar linhas elétricas para ir até as áreas residenciais em busca de alimento, costumeiramente oferecido pelos humanos. No entanto, essa prática tanto desestimula a procura por alimentos natural quanto pode oferecer risco para o animal e cidadãos”, adverte Epitácio.
Esta interação fornece aos saguis o perigo de sequelas permanente ou mesmo morte por choque elétrico, já aos humanos, o animal pode ser hospedeiro de doenças perigosas. Epitácio destaca tuberculose, raiva, herpesvírus, fungos e verminose, todas essas somente no primata.
Resgate de animais pode ser feito por cidadãos
Ao se deparar com um sagui debilitado, seja por choque, atropelamento, ataque de cão e etc, deve-se entrar em contato com o Batalhão de Polícia Ambiental. No entanto, o cidadão também pode fazer o resgate do animal, afirma Ana Cecília, veterinária do IMA alocada no Cetas.
“Recomendamos que o cidadão segure o animal pela ponta da cauda, assim dificultando uma possível reação de defesa; coloque-o em uma caixa de papelão e se dirija ao Cetas”, recomenda.
Em caso de entrega voluntária do animal, não é necessário se identificar. O Centro de Triagem de Animais Silvestres fica localizado na Avenida Fernandes Lima, Nº 4023, no bairro do Farol, em Maceió.