Em Alagoas mais de mil animais foram reintroduzidos ao meio ambiente em cerca de três meses
Dálet Vieira
Nos primeiros meses do ano, um total de 1261 espécies de animais silvestres retornaram à natureza. Os dados vêm do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas). O índice de soltura de animais está diretamente atrelado às apreensões feitas pelas ações de fiscalização dos órgãos ambientais e entregas voluntárias. Pois a reinserção ao meio ambiente só ocorre após avaliações, possíveis tratamentos e reabilitação desses animais.
O Cetas, que possui administração compartilhada entre o Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA/AL) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), recebe e cuida dos animais silvestres com o objetivo de elevar as chances de reintrodução.
Após a chegada, os animais passam pelos procedimentos clínicos básicos: avaliação do animal, verificação da temperatura e checagem dos parâmetros respiratórios e cardiovasculares. Além disso, passeriformes e aves são anilhadas. Nos casos em que apresentam doenças ou debilidades, as espécies passam mais tempo em quarentena.
Muitas vezes em razão dos maus tratos nos cativeiros ilegais, principalmente psitacídeos, a exemplo dos papagaios, e alguns passeriformes precisam de tratamento depois da avaliação, como afirma Ana Cecília, veterinária do IMA/AL atuante no Cetas.
“Já ocorreu de chegar um corrupião com a coloração amarela, porém a coloração normal é preto e laranja. Isso se deu em razão da dieta inadequada em cativeiro, muitos animais chegam assim”, expõe.
Outros exemplos apontados pela veterinária, de animais silvestres advindos das más consequências da criação ilegal, são os papagaios com penas amareladas e jabutis com dificuldades locomotoras, pneumonia ou até mesmo problemas no casco.
Apesar dos que conseguem se recuperar e serem soltos, existem aqueles que entram em óbito ou não apresentam melhoras significativas, Isso ocorre porque alguns chegam com estresse e comportamentos irreversíveis do cativeiro.
“Eles se auto mutilam, tiram as próprias penas, se bicam. Isso é horrível e muito difícil de reverter o quadro, pois eles estão há anos em cativeiro. O comportamento e o emocional afetado fazem parte da série de malefícios para a saúde desses animais”, diz Ana Cecília.
As exposições feitas servem de alerta às pessoas que criam animais de maneira ilegal. Os interessados em criação de animais silvestres, devem comprar diretamente de um criadouro comercial autorizado pelo órgão ambiental competente e tomar conhecimento das necessidades e especificidades da espécie.
Dessa forma, o responsável estará munido de toda a documentação e dentro da lei. No entanto, nos casos de maus tratos, mesmo sendo legal, o dono pode ser multado e o animal apreendido. Ainda, os animais adquiridos em feiras ilegais, ou caça não podem ser regularizados.
A população pode auxiliar no combate à criação ilegal de animais silvestres por meio de denúncia, através do aplicativo IMA Denúncie ou em casos de flagrante de maus tratos é recomendado ligar para o Batalhão de Polícia Ambiental (BPA) no número: (82) 3315-4325.
Para a entrega voluntária, o interessado não precisa se identificar e pode levar o animal até o Centro de Triagem de Animais Silvestres que fica localizado na Avenida Fernandes Lima, Nº 4023, no bairro do Farol, em Maceió.